Resenha feita pela Lúcia!
Título: A Hora Solene
Editora: TopBooks
Autor: Nuno Nepomuceno
Páginas: 483
Ano: 2015
Quero agradecer novamente a disponibilidade total do autor para me enviar os 3 livros da Trilogia e agradecer também pela leitura de que vos falo de seguida.
Sinopse:
Londres, Reino Unido.
Numa noite fria de tempestade, um homem é esfaqueado e abandonado na rua. A poucos quilómetros de distância, um terrorista pertencente a uma organização criminosa auto-intitulada O Gótico entrega-se aos serviços secretos. Ao mesmo tempo, um avião sofre um violento atentado ao sobrevoar a Irlanda e um vídeo é enviado à redacção de uma famosa cadeia televisiva.
A intriga acentua-se quando um milionário começa a ser alvo de extorsão. No centro destes acontecimentos, encontra-se André Marques-Smith. Alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o espião português é obrigado a protegê-lo. Mas não está sozinho. Foragidos, dois colegas dissidentes regressam e revelam ao mundo a verdadeira génese de um antigo projecto de manipulação genética. E há ainda uma mulher. Em parte incerta, esta enigmática espia de feições orientais poderá ser a chave de todo o mistério. Mas que explicação haverá para o seu desaparecimento? Conseguirão os dois agentes ultrapassar o fosso criado entre eles?
Através de uma viagem frenética por entre os deslumbrantes cenários reais de Moscovo, Londres, Hong Kong, Macau, Praga, o Grande Buraco Azul e Lisboa, os perigos multiplicam-se e André dá por si a lutar pela sobrevivência. Questões sobre ética, moral, religião, família e o valor da vida humana são levantadas. E uma teia de falsas verdades, ilusões e complexas relações interpessoais é desvendada no derradeiro capítulo de uma série policial que já marcou a ficção portuguesa.
Autor:
Nuno Nepomuceno nasceu em 1978, nas Caldas da Rainha.
É licenciado em Matemática pela Universidade do Algarve e reside na região Oeste.
Em 2012, venceu o Prémio Literário Note! com O Espião Português, o seu primeiro romance.
É também autor dos contos «Redenção» e «A Cidade», este último incluído na colectânea O Desassossego da Liberdade. Seguiu-se A Espia do Oriente, o segundo volume da Trilogia Freelancer. A Hora Solene é o livro com o qual termina a série.
Opinião:
A leitura deste livro começou com um valente murro no estômago. Não é que o autor "matou" a personagem principal logo no 1º capítulo? E, não contente com isso, assistimos, consternados, ao seu funeral... Parecia ser um volte-face sensacional. Mas fique o leitor sossegado, porque o André renasce uns capítulos mais à frente e vai conseguir levar a sua demanda até ao fim.
No seguimento dos volumes anteriores, temos uma história com muitos segredos, muitas traições e muitas surpresas, da primeira à última página. Nunca sabemos quem é quem, há agentes duplos por todo o lado e nunca sabemos quais são os amigos e quais são os inimigos. Desta vez, o autor não optou por um esquema de capítulos curtos, mas sim por unidades lógicas, umas mais breves, outras mais longas, que deram origem a espaços de narração de diferente dimensão. O autor procurou atar todas as pontas e todas as personagens tiveram um fim compatível com o seu papel no desenvolvimento da trama. Como se diria numa história para crianças, os maus foram castigados e os bons tiveram o prémio que mereciam.
Como é timbre do autor, assistimos a uma história em que mistura espionagem com romance. O lado humano das personagens é desenvolvido em paralelo com as suas ações de luta e aventura. Há muitos laços familiares, tanto do lado dos bons como do lado dos maus. No fundo, acabamos por descobrir uma luta de poder entre ramos da mesma família: há os que enveredam pelo lado "branco", outros pelo lado "negro", como na guerra das estrelas. As rivalidades e invejas entre irmãos, habituais em qualquer família, são aqui transportadas para um patamar muito mais elevado. Os irmãos já não lutam por supremacia no seio familiar, mas sim no plano mundial.
Outra característica desta trilogia é os cenários em que a ação decorre. O autor escolhe sempre locais famosos, de grande valor turístico e cultural, para ambientar os acontecimentos. Neste aspeto, acho que este volume exagera um pouco nas descrições. Por vezes, parece estarmos a ler um roteiro turístico, mais do que um romance de ação e aventura. Claro que gostei de saber mais sobre esses locais paradisíacos e fiquei ainda com mais vontade de poder visitá-los um dia. Mas não era isso que eu procurava nesta leitura. O suspense e a espionagem não saem pejudicados, mas desviam o foco da atenção do leitor para um assunto secundário. A ação teria mais ritmo se estas incursões fossem mais reduzidas.
Tudo pesado e medido, o balanço é positivo. Foi uma trilogia interessante, com muita ação e aventura, com heróis e vilões fortes e bem caracterizados, muita luta e muita corrida contra o tempo. No meio disto tudo, houve também muita humanidade, com pais a lutar arduamente pela vida dos filhos, com filhos preocupados com os pais, com homens e mulheres apaixonados e capazes dos maiores sacrifícios a favor daqueles que amam. Também não foi esquecido o papel que os animais domésticos podem desempenhar a favor dos seus donos.
É uma leitura agradável que proporciona horas de diversão. Gostei e recomendo.
Falando em geral:
O enredo? A sinopse simplesmente diz tudo, esperem um enredo totalmente alucinante! O ritmo frenético em que decorre a ação é impressionante, as surpresas continuam a arrebatar-nos, novas informações são-nos fornecidas gradualmente, de forma a aguçarmos o apetite constante que não nos permite largar a leitura. Um dos pormenores de que mais gosto nesta trilogia e que se verifica em todos os volumes, é a diversidade de locais onde a ação decorre. Num momento estamos em Lisboa, no outro em Londres, mas, entretanto, já passámos por Hong Kong, Macau ou Praga.
As personagens? O André conquista-me sempre mais um pouco, a cada livro que passa, e ganhou mais carisma e um charme subtil que encantará qualquer leitor. Anna, que, no volume anterior, deixou cair a sua máscara de agente dupla, mostrando-nos assim a sua vertente humana, neste consolida definitivamente a sua característica mais importante, o altruísmo.
A escrita? Somos mais uma vez presenteados com uma escrita que nos incentiva à leitura, simples, mas ao mesmo tempo bastante rica em termos, vocabulários e maneirismos literários.
Conclusão? Se o volume anterior consolidou a posição do autor como sendo um dos meus preferidos, este livro veio vincar esse estatuto. É mesmo um dos meus autores preferidos! Apesar de todos os desenvolvimentos e reviravoltas que ocorreram durante a trilogia, este é decididamente o final aguardado por todos!
Balanço da trilogia? Esta trilogia decididamente cativará qualquer leitor, independentemente das suas preferências literárias. Recomendo-a vivamente e, se decidirem embarcar nesta viagem, garanto-vos que não vão ficar arrependidos. Uma vez "tirado o bilhete", não há volta a dar... só irão descansar quando terminarem este último volume.
É um orgulho ler obras assim.
Boa leitura!
Até ao próximo post!