sábado, 14 de maio de 2016

Resenha - American Horror Story: A vida como ela é.

Resenha feita pela Lúcia!
Título: American Horror Story

Produtores: Alexis Martin Woodall, Patrick McKee e Robert M. Williams Jr.
Género: Terror, Drama, Suspense e Fantasia
Tempo: 39-63 minutos
Ano: 2011-2016

Resenha: Desde os primórdios da TV, sempre existiram séries dos géneros mais variados. Contudo, de todos, o que sempre me pareceu menos adequado ao formato seriado é aquele classificado como terror. 
O motivo é simples: o objetivo deste tipo de história é, primordialmente, criar um ambiente de sustos, medo, repulsa, durante a sua exibição. Para tanto, não é necessário nem desejável o desenrolar de uma trama por vários capítulos. Um filme, com a sua rápida dinâmica início-meio-clímax-fim, é eficiente.
Basta relembrar clássicos como Halloween, Sexta-feira 13, Elm Street, e por aí vai. 
No entanto, foi só assistir aos dois primeiros episódios de American Horror Story e essa convicção de que não há espaço para séries de terror foi para o espaço. AHS é uma série produzida por um canal de TV  a cabo estadunidense e traz vários elementos já conhecidos dos filmes de terror: assassinos, monstros, sombras, esguichos de sangue, fantasmas (ou morto-vivo, como preferir).

O seriado narra as histórias (e mortes) ocorridas numa casa de Los Angeles construída na década de 20 do século passado. A maioria dos episódios, inclusive, começa com uma data e o relato de um assassinato ocorrido na mansão.
O seu diferencial é trazer um roteiro muito bem elaborado, recheado de metáforas relacionadas com factos recentes da sociedade americana. Por exemplo, a casa foi construída por um médico que, em razão de sérios problemas financeiros, começa a dar mostras de estar com a sua sanidade comprometida e a sua família (ele, mulher e bebé) terminam num fim tráfico. Em plena época da Grande Depressão.
No início de outro episódio, é narrado o momento em que a casa é utilizada como uma espécie de albergue para raparigas. Um estranho bate à porta. Molhado de chuva e com sangue no cabelo, solicita ajuda e, ao entrar, depois de um primeiro momento bem simpático, atava a enfermeira e um dos residentes. A rapariga é virgem. A época: fim dos anos 60, período em que marca as manifestações contra a Guerra do Vietname, movimento hippie e... sexo livre.
Num outro capítulo, já em 2010, a casa é adquirida por um casal gay que quer adotar um bebé.
Os diálogos/discussões entre uma mãe e um dos gays sobre os prós e contras da adoção por um casal homossexual são fantásticos.

A ideia de misturar imagens do universo das produções trash com roteiros que o trazem às mazelas do chamado mundo real não é nova. Desde a década de 80, na Itália, há uma personagem de Fumetti (HQ's) que utiliza a mesma dinâmica, ou seja, o terror é utilizado para evidenciar situações que deveriam ser inaceitáveis, mas que acontecem no chamado mundo desenvolvido. O seu nome: Dylan Dog.
Voltando à série de TV,  além dos flashbacks das tragédias ocorridas em outros tempos na mansão, há a história da família tipicamente americana que adquire a casa nos nossos dias. Pai, mãe e filha adolescente. Para complementar, a mãe engravida depois que eles se mudam para a casa.
O convívio entre eles, enquanto família, é um caso de terror à parte. Só conseguem ajustar-se no final da temporada, e numa nova realidade. Talvez aí resida mais uma metáfora: a de que a verdadeira felicidade não está nos mimos que a sociedade, tal qual conhecemos, nos oferece.

Jessica Lange, interpreta a vizinha da mansão, ganhou um globo de ouro de atriz coadjuvante por este papel. Na mesma cerimónia, American Horror Story foi indicada para o prémio de melhor série dramática.
É bom que se diga que, ao assistir o 12º e último da 1ª temporada, ficou a sensação de que a história foi muito bem conduzida, não havendo necessidade de continuação.
Ta aí mais uma demonstração de que há vida inteligente nas produções da TV a cabo e que, sim, é possível assistir a um programa em que haja cenas fortes de terror e roteiros de primeira qualidade.


Boa leitura!
Até o próximo post!

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