sábado, 19 de dezembro de 2015

Resenha: A Lista Negra + De Olho na Edição #1


Resenha feita pela Lúcia!
Título: A Lista Negra
Título Original: Hate List
Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg
Páginas: 272
Ano: 2012

Sinopse: E se tu desejasses a morte de uma pessoa e isso acontecesse mesmo? E se o assassino fosse alguém que tu amas? O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba por salvar a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome de estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher os seus alvos. Agora, ainda recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Secundário. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a rapariga a quem salvou, Val deve enfrentar os seus fantasmas e encontrar o seu papal nesta história, em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas. 


Resenha: É muito difícil fazer a resenha deste livro, mais que isso, é muito difícil reunir palavras que possam expressar o que eu senti ao lê-lo. Pois é muito difícil falar de algo que nós gostamos muito. Por mais que eu fale, ainda não é o suficiente para transmitir o turbilhão de sentimentos que é A Lista Negra. Ele foi o melhor livro que eu li este ano, e é, pelo menos até ao momento, o meu livro favorito da vida. Um livro lindo e triste ao mesmo tempo, que aborda um tema forte e passa uma bela lição de moral. Merece ser discutido e abordado por muitos adolescentes, professores e pais. Uma história que deve ser passada adiante e sobreviver por muitas gerações.

Valerie e Nick são um casal de adolescentes unidos pela sua exclusão, digamos assim. Quando Nick entrou no colégio começou a ser considerado "o esquisito". Eles acabam por se aproximarem com o tempo, até que começam a namorar, e o bullying só se intensificou. Desde então ambos passaram a ser alvos de brincadeiras fortes e humilhação pública. Anos atrás, Nick encontrou Valerie a escrever no seu caderno uma lista com coisas e pessoas que ela odeia, e a partir daí surge a ideia deles criarem A Lista Negra, com os nomes de todas aquelas pessoas que lhes perturbam. Desde então, os dois continuaram com A Lista Negra, uma forma de descarregarem toda a dor que sentem. Porém, um certo dia, impulsionado por recentes ataques, Nick entra armado no Colégio Garvin disposto a matar todas as pessoas da lista, e, acaba por acertar também nalgumas pessoas por acidente, vítimas de balas perdidas. Valerie, que se vê perdida e desolada no incidente, tenta parar o namorado, acabando por salvar a vida de uma pessoa da lista e acaba por ser atingida por uma bala, pouco antes de Nick atirar em si mesmo.

A partir daí, todos acabam por considerar a Valerie culpada e o livro aborda essa questão: afinal, Valerie é a heroína ou a culpada? Pergunta esta, que nem mesmo ela consegue responder, sendo refém de um grande drama psicológico. Valerie está arrasada e quando volta para o colégio depois de ser internada as coisas não vão muito bem, pois, se antes todos olhavam para ela com desprezo e pena, agora todos olham com medo e ódio, culpando-a pelo ocorrido. 

A verdade é que Val é a maior vítima de todas, pelo menos para mim, afinal ela era humilhada, fez apenas uma lista das pessoas que faziam isso com ela, para desabafar, aliviar a sua dor. Em nenhum momento ela imaginou que Nick iria levar a lista a sério. Ela foi desprezada por todos, incluindo a sua própria família e, perdeu o namorado, que mesmo sendo o autor dos assassinatos, era o seu grande amor e porto seguro. Eu achei ela muito forte, pois passar por tudo isso e ainda continuar firme é muito díficil. O seu pai foi muito duro e injusto com ela, no entanto, a sua mãe, mesmo que em determinados pontos cometa alguns erros, a situação dela é compreensível e a todo o momento está apenas a tentar proteger a Val.

O livro é narrado entre o passado e o presente, então nós vamos conhecendo o Nick através das lembranças de Val, alternando entre momentos antes e depois do massacre. E ambos os momentos são de partir o coração, pois nós acabamos por ver o outro lado dele, o lado humano e sensível. Percebemos que ele não é aquele monstro que todo o mundo pensa. Mesmo depois de tudo o que o Nick fez, em muitos momentos eu não conseguia sentir ódio dele, pelo contrário. Ele foi na verdade uma vítima como todos os outros, mesmo que, nada justifique tal atitude. Não sei explicar, mas a autora deixa-nos confusos em relação aos nossos sentimentos e é muito difícil tomar uma opinião sobre o ocorrido. 
Nós sentimos pena e compreensão, assim como em outros momentos muita raiva. O fixe é essa combinação que a autora faz entre o certo e o errado, vilão e rapazinho. É um livro que te faz refletir e dá um nó na sua cabeça. Jennifer Brown soube escrever muito bem as personagens, passando todo o sentimento deles. Nós envolve-mo-nos muito com eles e em todos os momentos coloca-mo-nos naquelas situações. Eu gostei muito do Dr. Hieler também, ele foi exatamente o que a Val estava a precisar, foi ele quem a confortou quando mais ninguém o fez e era o único que a entendia. Uma personagem extremamente cativante. 

A Lista Negra aborda uma realidade muito dura e de forma inexplicavelmente tocante. Não é um livro sobre finais felizes, ele trata justamente do contrário, de quando as coisas fogem do nosso controlo. Abordando uma triste realidade existente, pois quantas vezes já não vimos notícias de massacres em escolas? Em quantas delas, a pessoa que cometeu o crime não era uma vítima do bullying? Assim como Nick e Valerie, existem e ainda vão existir muitos outros por aí, infelizmente. Por isso é que esta é uma história que precisa ser contada e um livro que merece ser lido, para refletir, para provocar mudanças. 

Jennifer Brown mostra-nos os dois lados da história, e faz-nos refletir sobre o perdão, sobre as mágoas, sobre as nossas atitudes, faz-nos refletir sobre a vida. A autora meio que nos dá uma chapada na nossa cara e não tem pena de abordar nada. Valerie é uma personagem que me conquistou completamente, eu fiquei aflita e vibrando junto com ela, torcendo a cada minuto para que tudo acabasse bem. Este é um livro intenso, forte e de sentimento a flor da pele. Eu nunca senti por nenhum livro o que eu sinto por este e, acho difícil outro livro tomar o lugar de A Lista Negra. De facto, é um livro que eu nunca vou esquecer e vou estar sempre relendo!

Classificação: 


Cinco estrelas (50 de classificação) é muito pouco para A Lista Negra. É um livro que eu recomendo demais e, se vocês ainda não leram, corram e comecem a ler!


De olho na edição: 

  









Parabéns à editora Gutenberg, que caprichou na edição e deixou o livro mais perfeito ainda! 

Citações favoritas:
"Era bom fazer parte de um 'nós', com os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos, os mesmos problemas. Mas, agora, a outra metade desse 'nós' tinha ido embora e, deitada no meu quarto escuro, percebi que não sabia como me tornar eu mesmo de novo."
"As pessoas fazem isso o tempo todo - acham que 'sabem' o que está a passar-se na cabeça de alguém. Isso é impossível. É um erro achar isso. Um erro muito grande. Um erro que, se vocês não tiverem cuidado, pode arruinar a vossa vida." 
"Eu odiava-a. Mas, vendo-a tão triste, senti-me péssima. Senti-me responsável. Queria que sorrissem e fiquei perguntando-me se ela sorria quando chegava em casa e abraçava os filhos, ou se simplesmente sentava-se na sua poltrona com uma vodka e bebia até não ouvir mais o estrondo dos tiros."
"Eu soube que estava a apaixonar-me por ele, por aquele rapaz de roupas desgastadas e mal-encarado, que sorria de um jeito tímido e citava Shakespeare de cor."
"Nick sempre falou sobre a morte. Mas eram só histórias. Recontava filmes, livros, todos com cenas de mortes trágicas. (...) Parecia ficção. Shakespeare contou histórias sobre morte. Poe contou histórias sobre morte. Stephen King contou histórias sobre morte. E nenhum deles estava a preparar assassinatos."
"- Um é o meu número favorito - sorriu Bea - Em inglês, a palavra 'um' tem o mesmo som do passado de 'vencer' e podemos todos dizer no final do dia que vencemos de novo, não podemos? Em alguns dias, chegar ao fim do dia é uma grande vitória."
"- O tempo nunca acaba. Como sempre há tempo para a dar, também sempre há tempo para a cura. É claro que há."
"De certa forma, Nick estava certo: às vezes, todos temos de ser vencedores. Mas o que ele não entendeu foi que todos temos também de ser perdedores. Porque não se consegue uma coisa sem a outra."
"Este ano tivemos de lidar com uma dose brutal de realidade. O ódio das pessoas. Esta é a nossa realidade. As pessoas odeiam e são odiadas. Enchem-se de rancor e exigem castigo."
"- Sabemos que podemos mudar a realidade. É difícil, e a maioria das pessoas nem tenta fazer isso, mas é possível. Nós podemos mudar a realidade do ódio ao abrir-se para uma amiga. Ao salvar uma inimiga. (...) Contudo, é preciso ter vontade de ouvir e de aprender para mudar a realidade. Principalmente ouvir. Ouvir de verdade."
Capas pelo mundo:




E vocês já leram A Lista Negra? O que acharam? Estão curiosos para ler? Não deixem de comentar em baixo! Um forte abraço. 


Boa leitura!
Até o próximo post!

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